Projeto em residência desenvolvido no Edifício Rapozo Lopes, em Santa Teresa, Rio de Janeiro.
Trata-se de um edifício residencial da década de 1930 pensado originalmente para ser um hotel. Boa parte das pessoas que cresceram no bairro têm uma memória afetiva ligada ao local, especialmente por terem frequentado a piscina semiolímpica com trampolim estilo art déco que pende sobre a montanha, de onde se tem uma ampla vista da zona norte da cidade do Rio, incluindo o Maracanã e a ponte Rio-Niterói. No início da década de 2000, a grande piscina tinha rachaduras e foi esvaziada para ser restaurada. Era justamente o período de guerra do tráfico de drogas nas comunidades próximas, estando o prédio localizado em uma rota de risco de tiroteio entre rivais. Alguns dos apartamentos de fundos, com vista para a piscina, sofreram com balas perdidas e foram também esvaziados. Moradores se mudaram e imóveis e aluguéis foram desvalorizados. Com a chegada da UPP ("polícia pacificadora") nas comunidades vizinhas, o edifício foi novamente reocupado em sua totalidade e os imóveis voltaram a se valorizar, mas a piscina continua vazia, sendo hoje uma grande ruína. Dentre os empecilhos que impossibilitam o restauro da piscina, diz-se da alteração na regulamentação das piscinas de condomínios residenciais, sendo a do Rapozão profunda demais para o novo código. O projeto lida com o cotidiano de habitantes ao redor de um elefante-branco monumental, diante de uma paisagem não menos monumental da cidade do Rio de Janeiro.
O projeto foi selecionado pelo Rumos Artes Visuais – Itaú Cultural, quando apresentei por primeira vez a videoinstalação “Petricor”. Além deste trabalho, foram realizadas a série fotográfica "Serrinha" e a videoinstalação “Beira”, com três projeções que recriam pontos de vista distintos do salão de festas localizado debaixo da piscina, mostrada na individual “São Casas”, no Studio-X Rio.