Índice, 2013

Índice, 2013

Índice, 2013

Câmera de vídeo instalada na área externa/jardins Burle Marx, MAM Rio
Transmissão em tempo real, sem áudio, projetada na parede do foyer do museu
Video camera installed in the Burle Marx gardens/outdoor area, MAM Rio
Real-time broadcasting, without audio, projected on the museum's foyer wall
23.03 - 02.06.2013
Curador
Curator Beatriz Lemos
Agradecimento
Acknowledgment Samuel Betts / B Light

Câmera de vídeo instalada
na área externa/jardins Burle
Marx, MAM Rio
Transmissão em tempo real,
sem áudio, projetada na parede

do foyer do museu
Video camera installed in the
Burle Marx gardens/outdoor area,
MAM Rio
Real-time broadcasting, without
audio, projected on the museum's
foyer wall
23.03 - 02.06.2013
Curador
Curator Beatriz Lemos
Agradecimento
Acknowledgment Samuel Betts /
B Light

Câmera de vídeo instalada na área externa/jardins Burle Marx, MAM Rio
Transmissão em tempo real, sem áudio, projetada na parede do foyer do museu
Video camera installed in the Burle Marx gardens/outdoor area, MAM Rio
Real-time broadcasting, without audio, projected on the museum's foyer wall
23.03 - 02.06.2013
Curador
Curator Beatriz Lemos
Agradecimento
Acknowledgment Samuel Betts / B Light

Beatriz Lemos entrevista
Luiza Baldan

BL: Em Índice você faz a transposição do real para uma instituição de arte, ou seja, transforma-o em obra.
Nesse percurso o que se perde de realidade e o que se ganha de simbólico?

LB: Índice tem a fotografia como base de concepção se pensarmos no deslocamento do olhar através de certo enquadramento e no reposicionamento de uma cena em um novo ambiente; também por fazer alusão à histórica relação da fotografia com a arquitetura e a representação das cidades, por fornecer indícios para a construção de um imaginário sobre os lugares. No caso deste trabalho, o que o justifica enquanto videoinstalação, é ser captado e projetado em tempo real, praticamente no mesmo local onde a imagem se origina, salvo pela parede que separa o "real" do "ficcional". E esta parede é o que interessa à obra, porque é a instituição, é a arquitetura e é a cidade; é a tela onde se vê o que acontece por trás dela mesma; é o que propicia a existência de um "espaço-entre", um espaço de expectativas, palco de possíveis ações indeterminadas.

BL: Uma câmera de segurança que realça um ponto cego de um edifício, marco da arquitetura moderna, se converte em crítica social e indaga a própria instituição. O que existe desta transmutação que podemos relacionar aos seus interesses enquanto artista?

LB: O meu trabalho busca pequenas rupturas na monotonia do cotidiano, em grande parte consequentes da relação do homem com a arquitetura. Por exemplo, na série fotográfica "Diário Urbano", realizada desde 2007, faço anotações com a câmera dessas pequenas estranhezas com as quais me deparo quando caminho pelas ruas. Já nas residências que faço dentro do Rio de Janeiro, vivencio ao extremo as maravilhas e paradoxos de se morar em edifícios que fazem parte do imaginário coletivo. No caso do MAM, a experiência no espaço interno é bastante vinculada à visibilidade do entorno, mas existem pontos nos quais paredes bloqueiam esta ligação. A mostra Índice propõe o atravessamento de um desses pontos, a área "esquecida" junto ao lago lateral, como se o espectador pudesse ver através da parede cega o que acontece do lado de fora do museu.

BL: A obra pode incidir na realidade? Até que ponto ocorre uma interferência na natureza dos acontecimentos?

LB: Claro. A partir do momento em que as pessoas identificarem a câmera instalada, elas poderão se inibir ou se mostrar de maneira diferente, e neste caso não falo apenas dos transeuntes que costumam frequentar o lugar, mas dos próprios visitantes do museu que poderão interagir com a obra.

BL: Se o que está dentro depende do que está fora para existir, a obra se constitui nesse trânsito entre realidade e a projeção dessa realidade?

LB: Sim. A obra se constitui de trânsito, interferência e contemplação.


Beatriz Lemos interviews
Luiza Baldan

Beatriz Lemos interviews
Luiza Baldan

Beatriz Lemos interviews
Luiza Baldan

BL: In Índice (Index) you transpose the real to an art institution, ie, turn it into artwork. In this sense what is lost from reality and what is gained by the symbolic?

LB: Índice (Index) has photography as the basis of its conception if we think about the displacement of looking through a certain framing and the repositioning of a scene into a new environment; it also alludes to the historical relationship between photography and architecture and the representation of cities, by providing signs for the construction of the imaginary about places. In this case, what justifies the piece as a video installation, is to be captured and projected in real time, nearly the same location where the image comes from, except for the wall that separates the "real" from the "fictional". And this wall is what really matters to the work, because it is the institution, the architecture and the city; it is the screen where you see what happens in the background; it is what provides the existence of an "in-between space", an area of expectations, an indeterminate stage for possible actions.

BL: A security camera highlights a blind spot of a building, a landmark of modern architecture, turns it into social criticism, and questions the institution itself. What exists in this transmutation that can be related to your interests as an artist?

LB: My work seeks small breaks in the monotony of everyday life, largely resulting from man's relationship with architecture. For example, in the photographic series "Diário Urbano” (‘Urban Diary’), ongoing since 2007, I register little oddities I come across when walking down the streets. In the projects of art residencies that I do within Rio de Janeiro, I experience to the extreme the wonders and paradoxes of living in buildings that are part of the collective imagination. In the case of MAM, the experience of the internal space is extremely dependent on the visibility of the surroundings, but there are points where walls block this in-out link. This show proposes the crossing of these points, in order to reach the "forgotten" area by the lake side, as if the viewer could see through the blind wall what happens outside the museum.

BL: Can the work relate to reality? To what extent is there an interference with the nature of the events?

LB: Sure. From the moment that people realize the existence of the camera, they can be either inhibited or sympathetic in front of it. And in this case, I am not only speaking of passersby who often frequent the place but the actual museum visitors that may interact with the work.

BL: If what is inside depends on what is outside to exist, does the work establish itself in this transition between reality and the projection of this reality?

LB: Yes. The work establishes itself in this transition, interference, and contemplation.